quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Compatriotas! Bem vindos à Unilúrio!

A Universidade Lúrio, carinhosamente baptizada como Unilúrio, é a mais jovem universidade pública do país. A segunda, depois da independência e a primeira, que se estabelece fora da cidade capital, Maputo.

A Unilúrio materializa o sonho e a insistência de professores, pesquisadores, políticos, parceiros de cooperação e sobretudo, os anseios de todas as comunidades que habitam a região norte de Moçambique, que sempre acreditaram que um dia as oportunidades de formação chegariam à sua região.

Lúrio é o nome de um Rio. Um rio que serpenteia pelas fronteiras das províncias de Cabo Delgado,Nampula e Niassa. Um rio que ao longo de séculos serviu de berço para inúmeras civilizações. Um rio que com o seu saber, vitalidade, magia e mitologia, alimentou o conhecimento, os prazeres e as vivências dos ribeirinhos. Um rio que divide e une. O Lúrio que dá sabor aos sonhos de milhões, que pinta de luz a concórdia, a amizade e a solidariedade. Um rio que empresta o seu nome a várias famílias, localidades, aviões, hotéis e agora universidades.

Nos últimos anos, o mundo questiona a universidade como nunca o tinha feito anteriormente. O debate endurece quando se analisam e avaliam custos, utilidade, qualidade e, inevitavelmente o uso de recursos públicos.

Não obstante, sobram pouquíssimas dúvidas em relação ao reconhecimento, relevância, sabedoria e, convenhamos, o mistério que as universidades carregam consigo. Na realidade o conhecimento é crucial para o desenvolvimento. Para transformarmos os nossos recursos em riqueza, elevar o padrão de vida dos moçambicanos, necessitamos, indiscutivelmente, de conhecimento. O conhecimento tem sido o factor fundamental na determinação do padrão de vida e na economia mundial. As economias mais avançadas baseiam todo o seu desenvolvimento no conhecimento tecnológico que geraram, ao longo de anos, inovações, tecnologia apropriada, enfim na massa crítica que gere e coordena esse conhecimento.

Li um dia algo que dizia que os pobres e os ricos são diferentes, não apenas porque têm menos capital, mas também e, fundamentalmente, porque têm menos conhecimento científico. O conhecimento poderia então, iluminar milhões de pessoas que vivem na escuridão do desconhecimento e da pobreza desnecessariamente.

O processo epistemológico pode ser importado ou gerado internamente. Criar conhecimento é caro. Muito caro! É tão caro que os países industrializados continuam a levar vantagens sobre os países em vias de desenvolvimento.

A Unilúrio iniciará as suas actividades com uma Faculdade de Ciências de Saúde. Queremos formar médicos, farmacêuticos, estomatologistas, para suprir as necessidades do país. Imagine-se que, na provincia de Nampula, existe um médico para cada 49.000 pessoas. Estes indicadores, as sinergias que pretendemos estabelecer, nortearam a nossa opção inicial.

Teremos um total de 140 estudantes, oriundos de todo o país. Os nossos critérios de admissão são universais e tomaram em conta, todas as experiências nacionais de outras instituições de ensino superior no país. Ainda assim, consideramos que o ensino secundário, devido a questões estrutarias e conjunturais, forma estudantes com deficiências. Para colmatar esta situação, a Unilúrio optou por iniciar o ano lectivo com cursos propodêuticos. Pretendemos elevar o nível de conhecimento dos estudantes, nivelar lacunas básicas e, fundamentalmente, ensinar o estudante a estudar, a consultar bibliografias, a consultar referências na Internet, a ganhar disciplina e rigor universitário. No final deste processo, os candidatos terão de provar para si próprios que estão em condições de avançar.

Uma marca que fará a diferença será o programa “um estudante, uma família”. Os nossos estudantes adoptarão um agregado familiar, desde o começo, para transmitir conhecimentos básicos de prevenção de patologias básicas. Este programa foi desenhado tendo em consideração que o tratamento de doenças simples, como por exemplo, diarreias, poderiam ser facilmente tratadas. Porém, milhares de crianças ainda padecem destes males. Mas, ao adoptarem as famílias, os estudantes criarão uma base de dados que nos permitirá reavaliar hábitos e sugerir políticas de saúde e nutrição mais adequados.

Vários parcerios estão connosco nesta caminhada. O governo da província de Nampula tem providenciado apoio de toda a natureza. O Rothschild Bank, os CFM, mCel, Kenmare, Skillshare Africa, USAID, KIT e NUFFIC (Holanda) e outros, acreditam num futuro diferente para os moçambicanos. Para todos eles, os nossos sinceros agradecimentos. Gostaríamos que outras instituições se juntassem a nós.

Estamos no processo de estabelecer cooperação científica e tecnológica com as universidades de Witswatersrand, Nairobi, Porto e Aveiro. Com eles trocaremos estudantes, professores e diversos materiais.

Temos uma profunda e imensa gratidão por Cuba, pelos professores cubanos e outros especialistas que ao longo dos anos trabalharão ao nosso lado. Com este apoio pretendemos fazer uma universidade melhor, mais competitiva e merecedora de reconhecimento internacional. Com os professores cubanos e todos os restantes docentes e discentes, montaremos as nossas clínicas universitárias que darão sustentabilidade ao empreendimento. Estas mesmas equipes, deverão, com regularidade, visitar famílias mais desfavorecidas e providenciar apoio e aconselhamento hospitalar e preventivo.

A nossa eterna estima e apreço, igualmente, para todos os que, de forma desinteressada, acreditaram e estiveram do nosso lado desde a hora zero. Ninguém cobrou um centavo, nem virou costas aos nossos apelos. Todos entenderam que este desafio representa muito mais que valores financeiros ou de outra natureza. Aos colegas da UEM, Medicina, Arquitectura, Registo Acadêmico, Reitoria, Comissão de Exames, Centro de Documentação e Informação, CIUM e a todos os outros, ficaremos eternamente gratos.

A Unilúrio aproveita igualmente agradecer ao seu “Board of Trustees”: Dra Graça Machel, Prof. Doutor Oscar Monteiro, Prof. Doutor Filipe José Couto, Dr. Aires Aly, Sr. Roger Agnelli, PCA da Vale do Rio Doce-Brasil, Dr. Mia Couto, General Raimundo Pachinuapua e Sra Teresa Heinze Kerry. Cabe a estas ilustres personalidades representar a UniLúrio, auxiliá-la na implementação da sua missão e visão. A este Conselho, cabe a responsabilidade de representação no país e no exterior. De todos vós esperamos apoio moral sempre que estejamos prestes a vacilar.

O nosso ano lectivo inicia no dia 09 de Julho 2007. As nossas celebrações começam no dia 18 de Junho em Nampula. Esperamos receber convidados de diferentes partes do mundo proferindo palestras e participando nas actividades culturais e recreativas.

Em meu nome, do corpo docente, administrativo e dos estudantes, endereço o nosso muito obrigado aos contribuintes.

Faremos tudo para honrar o vosso sacrifício e disponibilidade.

Obrigado ao Governo por acreditar em nós.

O Nosso lema será sempre “ Scientia, Cretum, Fides”.

Com o nosso maior apreço e estima,

Prof. Doutor Jorge Ferrão

Reitor