Homenagem

As primaveras de um trovador
 Por: Jorge Ferrão

Me perdoe Mestre Warrila. Quis escrever duas palavras e não consegui. Quis juntar-me aos seus alunos, a sua escola, avenida e bairro para exaltar o percurso e as primaveras do Trovador. Procurei seus amigos e entusiastas, detractores e contemporâneos que, amiúde, se espalham por cada esquina da cidade e estão sumidos. Rebusquei a periferia para o reencontrar e só escutei sua melodia pirateada nos modernos gramofones. Enfim, quis resumir o que oiço e sei do professor, porém a minha incompetência se revelou na total plenitude. Retomo, então, as linhas que um dia registei para mim próprio. A forma que encontrei para o eternizar.

Anunciada a entrada em cena do Professor Warrila. Foi o suficiente para que o frenesi tomasse conta da calmaria. Ai estava em carne e osso, sereno, o altivo trovador. O instrumento de 3 cordas feito de fios de pesca se afinava, enquanto nós próprios, nos preparamos para as vibrações que pescam os nossos corações. Não tardou que os meus ouvidos vasculhassem as profundezas do tempo e da vigorosa voz do Professor. Em cada estrofe o pedido a prudência e ao comportamento condigno, o apelo a honestidade e solidariedade, o exaltar do humanismo. A lembrança que todos nós, sem excepção, podemos escurecer os dias mais ensolarados e brilhantes do planeta. Não cantamos o refrão em uníssono, porém as palmas confirmaram que uma palavra também pode valer mil imagens.

A voz do Mestre Warrila ressuscita o presente que poderá nunca ser futuro. Não existe ninguém que não o conheça na cidade. Com a sua humildade e talento, Warrila personifica o Pai que sabe de tudo um pouco. O amigo que já experimentou os dissabores e amores. A voz de ouro que canta e encanta ao desbarato. Warrila, por todos explorado, é então o jovem das 60 primaveras que corporiza um novo mundo, remexe os fundos dos nosso exterior, com a mesma simplicidade com que desceu do monte Namuli e conquistou o mundo.

Amanhã e sempre será o seu aniversário. Um de tantos outros que a vida o tem brindado. Teremos na grandiosidade de sua voz e suas canções o ritmo que nos emociona, que nos faz chorar, rir, acreditar e viver. Parabéns Warrila, cante muito, viva feliz e nos deixe beber de seu talento para que o sol brilhe todos os dias. (X)


YA-MARERE AHOKHWA NSANA

Elempwe ni Peturu Mwana-aCouto


Ramos Arineshito Nakhuwo, Ya-Marere, akhwiyé nsana nihiku na 9, mweri wa Agosto, mwakha yola wa 2010, Oshipiritali Yulupale ya Wa-Mphula. Sovira mieri miraru yawereyiwa'ya mmirimani, ahivonaka, amalelaka akhwaka nsana vavo vàsisu. Yawo avithiwé olelo, nihiku na 10, mweri wa Agosto, 2010, omahiyeni aniphwanyaneya wattamela owannyaya, ephiro yo Murupula, okhummwaka muttetthe Wa-Mphula. Onákhwani, yariwo atthu anjene a mmawani, anashikola ni anamalaka w'Eshikola Yulupale Lurio (Univerisitati Lurio), Mamwene makina a Wa-Mphula, aFerau (Namalaka Mulupale w'Èshikola Yulupale Lurio) nave-thoYa-Namwakha, Muhóleli a Conselho Munisipali a Muttetthe a Wa-Mphula.

Okhuma mwakha wa 2007, Ya-Marere yanihimmwa vanjene pahi, muteko yilipeherya'ya akhaliheryaka opattushiwa ni wettiherya ohólo Eshikola Yulupale Lurio. Anashikola othene, anamalaka w'Èshikola Yulupale Lurio, Namalaka'aya Mulupale, atthu a mmawani nave-tho a mmuttetteni a Wa-Mphula, othene yan'òná muteko w'orera'sha, yilipiherya'ya ovara Ya-Marere. Okhuma okathi s'árerehiwa'ya nave s'atekiwa'ya inupa, mphaka nihiku na 29, mweri wa Junyo, mwakha wa 2007, wa henlya'ya makeya, mwaha wa nìra n'òpajeriha ovara muteko w'Èshikola'ene yeyo, Ya-Marere khayitthyunwe pahi wettelela muhakhu yola mulupale ori Eshikola Yulupale Lurio. Namalaka Mulupale Ferau, anamalaka akina ni anashikola, ni atthu a mmawani yanishukhuru vanjene miruku s'aya Ya-Marere mwaha wa Muteko òwettiherya oholo Eshikola Yulupale Lurio. Atthu anjene yari onákhwani, yupuwela muteko yola orera avarale'aya Ya-Marere.

Othene, nimuvekeleke Mwanene Muluku awakheleke ya-Marere, omwene'ni mwa'ya.


Nihiku na 10, Mweri wa Agosto, Mwakha wa 2010

Fonte: Wamphula Fax, quinta feira 11 de Agosto de 2010
 


Até Sempre Régulo Marrere
Texto de Jorge Ferrão

Devolvemos à terra, esta semana, o corpo que esta terra venerou e granjeou amor e simpatia. Ramos Ernesto Nacuo ou, simplesmente, Régulo Marrere. Referenciar esta grata figura, para mim, é um imperativo de consciência, por múltiplas razões e, sobretudo, pelos exemplos e superiores conselhos transmitidos ao longo dos últimos 4 anos, na condução dos destinos da Universidade Lúrio. Naturalmente, toda a universidade nutria pelo Régulo, a mais profunda admiração e amizade. O incontestável líder que se envolveu, de corpo e alma, na prossecução dos objectivos e metas da UniLúrio.



Acresço a estas motivações, a irrepreensível contribuição no Programa Um Estudante, Uma Família, presentemente abarcando mais de 500 famílias, todas elas ávidas de engrandecerem este sistema e modelo de ensino, cujas características tipificam as novas apostas de ensino no País. Na verdade, um modelo que ganhou simpatias e se estende por outras latitudes.

Régulo Marrere é, sem dúvida, um reconhecido Mestre Universitário. Com a sua habilidade e talento moldou e foi precursor de um relacionamento que era, confesso, muito vago até à altura em que a universidade foi criada. Não tenho na memória – das instituições por onde passei, em diferentes países -nenhuma figura que, sendo iletrada, se imiscuía tanto e de forma tão salutar e positiva, na gestão da coisa universitária e do bem público.

O Régulo Marrere criou a sua forma, uma espécie de Comité Comunidade-Universidade, do qual ele tinha total controlo e poder de decisão. Só nos apercebemos desse poder quando nos demos conta da cordialidade, segurança e harmonia que norteiam o relacionamento com os mais de 70.000 populares de Muatala e de outros bairros, em Pemba e Sanga.

O mundo tem exemplos de figuras que, mesmo não tendo cursos superiores, advogaram a criação de instituições de ensino superior. Não só criaram como se converteram nos líderes dessas mesmas instituições. A Rainha da Inglaterra, por via hereditária, é Reitora de todas as universidades públicas britânicas; Dom Diniz, em Portugal, estabeleceu o ensino superior, etc. Naturalmente, o Régulo Marrere não teria o poder e a condição financeira para se equiparar a estas figuras, mas, seguramente, teve autoridade moral e intelectual para influenciar, de uma forma sui generis, o rumo da UniLúrio. Participou em todos os eventos organizados pela universidade. Liderou a criação de espaços físicos para a instalação do Campus Universitário de Marrere, cujas obras acompanhou e forneceu diversas sugestões. Este processo foi isento de atritos. Foi, por conseguinte, a mão invisível que tanta falta faz, em diferentes processos de negociação com os locais, a que temos frequentemente assistido.

Fica um legado que urge dar seguimento. Nos próximos quarenta dias, um novo sucessor, eventualmente da mesma família, assumirá os destinos da região de Marrere. Tarefa complicada, considerando os desenvolvimentos imobiliários e industriais da região. Marrere tem hoje uma fábrica de cerveja de 65 milhões de US$, o antigo Hospital da Igreja Católica e o novo Campus universitário. Investimentos que reconfiguram os limites da periferia da cidade e que suscitam e desencadeiam novas questões de índole social. Quem quer que seja, terá a árdua tarefa de continuar o trabalho iniciado pelo Régulo Marrere.

O tempo se encarregará de tudo. Por agora, uma singela homenagem a esta figura, cujas palavras jamais conseguirão descrever!

Sinto que a comunidade uniluriana está de luto e que merece, igualmente, uma palavra de apreço e conforto. Nem é por acaso que interromperam a sua rotina para o adeus final e o até sempre ao Mestre. Oxalá os discentes aprendam do exemplo do Régulo. A liderança comunitária e, nunca tradicional, tem contornos e pergaminhos bem diferentes do que nos é dado a testemunhar. O futuro da harmonia, estabilidade e respeito depende, cada vez mais, da forma como for abordado o relacionamento com estes líderes.

Até sempre Régulo Marrere! (X)