quarta-feira, 2 de março de 2011

Mensagem do Reitor por ocasião da abertura do ano académico de 2011

Caros Docentes e Discentes, membros do Corpo Técnico e Administrativo.

Aos recém-chegados e novos membros da família UniLúrio apresento as boas vindas. O mês de Fevereiro de 2011, coincide com a abertura formal do ano académico. Esta jovem universidade continua sendo um local de trabalho e determinação. Até agora tem existido um e único caminho; formar e educar a todos com o mesmo amor, estima e compromisso. Brevemente, completaremos o quarto aniversário da criação da universidade. Caminhamos, por conseguinte, a passos largos para a primeira cerimónia de graduação. Esta ocorrerá no segundo semestre do ano 2012. Mas se a graduação é uma meta importante e significativa para os discentes e futuros profissionais, para os docentes e corpo técnico administrativo será um primeiro indicar do que tem sido desenvolvido, quer sob a perspectiva curricular, como de avaliação da universidade junto das comunidades.

A graduação será, igualmente, um momento significativo para os vossos familiares, para os contribuintes e para todos os parceiros da UniLúrio que acreditaram que seria possível formar com os recursos disponíveis, com as facilidades propiciadas e com a vontade e querer de todos. A cerimónia de graduação confirmará que o objectivo primordial e único, desta universidade, continuará sendo o de propiciar todas as facilidades e condições possíveis que assegurem uma formação eficaz, condigna, adequada, integral e acima de tudo cidadã e patriótica aos discentes. Fazemos e continuaremos fazendo isto com o máximo de vigor, disciplina e determinação.

Iniciamos o ano galardoados pela Fundação Gulbenkian e do Oceanário de Lisboa. A UniLúrio e a Universidade de Aveiro, de Portugal, vêem assim coroado de sucesso o projecto “Conhecer para Preservar a Biodiversidade Marinha de Pemba - Ordenação Sócio-ambiental para a Sustentabilidade”, submetido a reputadíssima Gulbenkian. O projecto tem como objectivo intervir nas políticas de gestão ambiental, com acções concretas que conduzam à utilização sustentável do espaço costeiro e marinho de Pemba, Cabo Delgado, em Moçambique. O estudo promoverá, igualmente, a qualidade de vida da população que depende desta área, através de um programa intensivo de capacitação de recursos humanos locais, que inclui a compatibilização das actividades económicas com a exploração sustentável dos ecossistemas e biodiversidade marinha.

No ano de 2011, pela primeira vez, atingiremos um milhar de estudantes. Na verdade, teremos aproximadamente 1200 estudantes, distribuídos pelos pólos de Nampula, Pemba e Lichinga. Foram necessários quatro anos para alcançar esta cifra. As projecções que foram estabelecidas em 2007, quando o projecto arrancou, se mantêm estáveis e inalteradas. Continuaremos uma instituição de ensino superior em franco processo de desenvolvimento e, acima de tudo, que segue um ritmo e compasso ajustado as circunstâncias, a capacidade da infra-estrutura, da disponibilidade do corpo docente e capital humano e, finalmente, aos recursos financeiros disponíveis.

Este ano daremos início ao curso superior de Enfermagem. Cerca de 40 futuros enfermeiros encontrarão aqui a oportunidade de se formarem ou melhorarem, substancialmente, os seus conhecimentos. Reconhecemos, vivamente, a importância da formação superior em Enfermagem. Por conseguinte, em parceria com o Ministério da Saúde, do ISCISA, do Hospital Central de Nampula e da Direcção Provincial de Saúde, foi tomada a decisão, unânime, de formar enfermeiros habilitados para responder as exigências de um sistema de saúde mais competitivo e pragmático. Do total de 1900 candidatos para as vagas do ano 2011, pelo menos 300 escolheram Enfermagem.

Paralelamente aos cursos de Enfermagem foi estabelecido pelos Conselhos das Faculdades que todos os estudantes da UniLúrio deverão apresentar 2 trabalhos de pesquisa anuais. Não se trata de uma iniciativa inovadora, antes pelo contrário, este é um pressuposto básico do ensino superior e que permitirá aprimorar aspectos metodológicos essenciais. Estes trabalhos que terão peso nas médias finais, vão persuadir a um esforço extra dos docentes. Por se tratar de trabalhos de pesquisa, pretendemos que eles sejam relevantes e que possam estar disponíveis para consulta interna e externa. Valorizaremos, assim, as jornadas científicas e o programa um estudante uma família, que entra, igualmente, no seu quarto ano, consolidado e com resultados que superaram as expectativas.

O ano 2011 marca o início da ocupação efectiva dos Campus da universidade que estão em processo de construção em Chuíba, Pemba, Marrere em Nampula e Sanga, no Niassa. Destes, apenas o Campus de Sanga só poderá usado no II semestre deste ano. A conclusão desta primeira fase que consiste no desenvolvimento de infra-estruturas lectivas, praças de alimentação, espaços residenciais para estudantes e funcionários e ainda espaços de lazer, só foi possível graças a contribuição e aos impostos dos cidadãos deste país.

Cada um dos edifícios da UniLúrio pertence a todos os contribuintes moçambicanos. Faltarão palavras para agradecer a vossa colaboração, mas fica desde já o compromisso de cuidarmos destes recursos e fazer deles uma referência no subsistema de ensino superior no país e na região. Será nestes edifícios, que continuaremos a batalha pela edificação de uma universidade totalmente dedicada a causa do bem estar da sociedade, da ciência e da formação exigente, rigorosa e relevante para o desenvolvimento do país.

Os Campus da UniLúrio estão longe de ser finalizados. O seu desenvolvimento é faseado e terá uma duração de cinco anos. Faltarão mais salas, mais laboratórios, recintos desportivos, mais residências e espaços verdes. Todavia, temos já as mínimas condições para funcionar com conforto, segurança e com a dignidade que o ensino superior assim o exige.

Paralelamente ao arranque do funcionamento dos Campus, teremos, pela primeira vez na nossa jovem universidade, um laboratório de Optometria que terá a capacidade de fabricar, reparar e formatar óculos de vista. Se a introdução de um curso de Optometria representou um tremendo desafio para a Universidade, agora estamos certos do quanto esta formação é vital para o bem-estar dos cidadãos e para o desenvolvimento do país. Na realidade, a saúde visual ainda não trilha os caminhos da massificação. Assim, conhecendo as dificuldades com a saúde visual em Moçambique e nos restantes países africanos lusófonos, o Conselho Universitário optou pela abertura do curso para estudantes de Angola, Cabo verde, Guiné Bissau, São Tome e Timor. Efectivamente, ainda não recebemos estudantes destes países, porém iniciamos todo um processo de consultas e de divulgação destas oportunidades.

Iniciamos o ano lectivo de 2011 com um leque de discentes de pelo menos 10 países diferentes. Assim, teremos a Itália apoiando na área de Arquitectura e Medicina, Cuba e Índia nos cursos de Ciências de Saúde, Engenharia Informática e Florestal, Portugal na área de Nutrição, Espanha e Colômbia em Optometria, Brasil na área de Medicina Dentária, Guiné Conacri, Zimbabwe e EUA nos restantes cursos. A experiência demonstrou a vitalidade deste capital humano que não só transmite sua experiência e visão, mas que acima de tudo prova que um mundo global comprometido é possível. Estes docentes têm auxiliado, de forma imensurável, na formação do corpo docente nacional.

Faço questão de recordar a comunidade académica da UniLúrio que coube a Universidade Lúrio a missão de expandir o ensino superior para resto do país. Esta tarefa tem sido realizada sob severas restrições financeiras e contenção. Não obstante, a universidade não se tem coibido de providenciar pacotes assistenciais substantivos aos estudantes, principalmente aos mais desfavorecidos. As residências universitárias acomodam mais de 30% do corpo estudantil e em Pemba e Lichinga temos, na prática, alimentado mais de 90% dos estudantes. A UniLúrio oferece, com o apoio de parceiros como os Estados Unidos, a empresa João Ferreira dos Santos e ainda a COSMAM, bolsas completas, reduzidas, bolsas de méritos, bolsas alimentação e transporte.

É significativo notar que desde que as bolsas de mérito foram introduzidas, uma percentagem significativa passou a beneficiar-se delas. Deste modo, melhoraram os resultados académicos, mas também, o desempenho dos bolsistas em outras habilidades tais como as culturais e desportivas.
Em 2011 continuaremos a oferecer estes benefícios sociais. Estamos cientes das dificuldades pelas quais muitos dos nossos estudantes passam.

Reconhecemos, igualmente, que o rendimento académico depende, em grande medida da estabilidade psicológica, social e logística. Ainda assim, este ano, introduziremos um pacote assistencial com características diferenciadas. Aos estudantes que assim o desejarem receberão as respectivas bolsas, porém ficarão fora da alçada dos Serviços Sociais da universidade. Quer dizer, terão os valores correspondentes e serão livres de optarem por novos locais de alojamento e alimentação. A UniLúrio não estará, de forma nenhuma, se alheando ou distanciado das suas responsabilidades, porém, estará assumindo que os estudantes, igualmente, estão já em altura de gerir e administrar todos os recursos colocados a sua inteira disposição.

Queremos que os estudantes entendam que as universidades em todo o mundo estão passando por momentos especiais. A crise financeira global. Em Moçambique, esta crise possui contornos especiais. A limitação de recursos tem persuadido a novas medidas administrativas. Sabemos que as políticas de contenção não podem hipotecar o futuro. Por outro lado, entendemos, também, que é tempo de ensaiar, na prática, novos modelos mais ajustados as realidades e a contemporaneidade.

Na área desportiva e cultural 2011 será um ano, igualmente, importante para consolidarmos as modalidades de atletismo e ténis que muito nos prestigiaram em 2010. A estudante de medicina Palmira foi a vice campeã nacional de ténis. A equipe de atletismo arrecadou diversos troféus a nível provincial e nacional. Pretendemos retomar o Festival Nstope é saúde em Nampula e verificar com os pólos outras iniciativas culturais que engrandeçam o mosaico cultural e que aproximem, sistematicamente, a UniLúrio, da sociedade civil.

Todos os funcionários da UniLúrio serão convidados a participar, em 2011, na elaboração do hino da universidade. O concurso estará aberto, nos próximos dias, e as vossas contribuições serão fundamentais. A Tuna académica e os diversos grupos farão a divulgação do hino dentro e fora de portas.

Convidamos para a aula de sapiência os professores Doutores Oscar Monteiro e José Luís Cabaço. Académicos que responderam aos apelos da pátria no período da luta de libertação e que desempenharam cargos governamentais importantes. Os professores falarão para os discentes e docentes sobre o tema “ Diálogos de sonho e futuro”.

Por fim um obrigado muito especial aos nossos parceiros de cooperação, aos membros do Conselho Universitário e as universidades que hospedam futuros docentes da UniLúrio, em particular universidade do Porto, Aveiro, Canoinhas e a Federal de Minas Gerais, no Brasil. Tem sido um prazer redobrado trabalhar com todos. Este o garante de que, a muito breve trecho, a UniLúrio disporá de capital humano dotado e preparado para a dura tarefa de formar e servir o país. (X)