domingo, 3 de julho de 2011

Mensagem da Reitoria por ocasião do “Quarto aniversário da Universidade Lúrio”

Caríssimo Docentes, Discentes, membros do Corpo Técnico e Administrativo,

Caros colaboradores e parceiros,

Celebramos a 28 de Junho de 2011 o quarto aniversário da Universidade Lúrio. Têm sido anos de implantação, estruturação, desenvolvimento curricular e, fundamentalmente, de inserção no mundo académico nacional e internacional. Por conseguinte, têm sido anos profícuos, porém plenos de desafios e responsabilidade. Anos que aproximaram o ensino superior moçambicano da sociedade, muito particularmente, das comunidades mais carentes. Muitos dos agregados familiares das províncias de Nampula, Niassa e Cabo Delgado conhecem bem o significado desta proximidade e desta forma de estar do ensino superior.

O lema para o quarto aniversário é rigor e excelência. No ano passado, celebramos sob o lema trabalho e determinação. Assim, mantemos presente que só existe um e único caminho; formar e educar a todos com o mesmo amor, estima e compromisso. Revisitamos a missão e visão e reavaliamos todos os compromissos que foram determinados pelo Plano Estratégico da Universidade. Pretendemos pois, de forma afincada, pautar pelao rigor e pela excelência. .

Por isso inovamos. Em 2011, ano do quarto aniversário, colocamos o desafio aos discentes e docentes para apresentarem, pelo menos, um trabalho de pesquisa por semestre e durante todo o período de formação. Sabemos que existirão muitas dificuldades, faltará supervisão, bibliografia e outros recursos. Porém, este é o caminho para colmatar os actuais défices de formação e para assegurar que o ensino superior seja alicerçado também em pesquisa e extensão. Só produzindo, garantiremos uma base sustentável para futuros eixos temáticos de pesquisa.. Pretendemos que eles sejam relevantes e que estejam disponíveis para consulta interna e externa. Valorizaremos assim, as jornadas científicas e o programa Um Estudante, Uma Família, que entra igualmente no seu quarto ano, consolidado e com resultados que superaram as expectativas.

Desde que a UniLúrio foi estabelecida, foram concomitantemente criados os diferentes órgãos colegiais. Portanto, existiu sempre uma preocupação em democratizar a universidade e assegurar a massiva participação de todos no processo. O período de vigência dos órgãos varia entre os dois e os três anos. Em 2011 tivemos sessões com a maioria dos órgãos renovados e revitalizados, incluindo o Conselho Universitário e Académico. Por via de eleição, foi assegurada maior representatividade, maior conhecimento e, sobretudo, mais transparência. Estes órgãos regulam e criam todos os instrumentos legais para as várias áreas de acção e conhecimento.

Como parte do plano estratégico e de desenvolvimento de infra-estruturas, foi desenhado um projecto quinquenal. Iniciamos a construção dos campus em Pemba, Nampula e Sanga. Ainda este ano, iniciamos a ocupação efectiva dos Campus de Marrere, em Nampula e de Chuíba, em Pemba. O Campus de Sanga só ficará concluído no segundo semestre de 2011. A conclusão desta primeira fase - que consistiu na edificação de infra-estruturas lectivas, administração, espaços residenciais para estudantes e funcionários e ainda espaços de lazer - não ficou totalmente finalizada na sequência das restrições financeiras impostas à Universidade. Deste modo, os planos foram preteridos e deverão ser retomados um dia. Portanto, ficaram de lado as clínicas, os laboratórios, as bibliotecas, os centros de informática, as residências para os docentes e os parques desportivos. Nada poderia prever que nestes dois anos, depois do início do desenvolvimento das infra-estruturas, fossemos obrigados a, praticamente, alterar todos os planos, com as consequências daí resultantes. Ainda assim, estamos conscientes de que o país inteiro passa por momentos delicados e aprendemos a sofrer com todos os cidadãos.

Acresce ainda que, devido às restrições financeiras, vimo-nos forçados a revisitar os planos de bolsas, de acomodação e alimentação dos estudantes. Como parte das medidas, foi introduzido um plano de assistência social que prevê que o estudante receba a bolsa e não se beneficie de nenhum apoio adicional como alimentação, por parte da instituição. Este facto é confrangedor, porquanto sempre tivemos o cuidado de alimentar uma percentagem elevada de discentes. Torna-se relevante realçar que desde que as bolsas de mérito foram introduzidas, uma percentagem significativa passou a beneficiar-se delas. Deste modo, não só melhoraram os resultados académicos, mas também o desempenho dos bolsistas noutras habilidades, como as culturais e desportivas.

Entendemos, portanto, que as nossas universidades e muitas delas em todo o mundo, passam por momentos especiais e difíceis. A crise financeira é global. Em Moçambique, esta crise possui outros contornos. A limitação de recursos tem persuadido os governos à assunção de novas medidas administrativas. Sabemos que as políticas de contenção não podem hipotecar o futuro. Por outro lado, entendemos também que é tempo de ensaiar, na prática, novos modelos mais ajustados às realidades e à contemporaneidade.

Neste aniversário retomamos a questão da graduação. Com efeito, em 2012 teremos a primeira cerimónia de graduação da UniLúrio. Serão graduados farmacêuticos, nutricionistas, biólogos e engenheiros informáticos. Mas, se a graduação é uma meta importante e significativa para os discentes e futuros profissionais, para os docentes e corpo técnico administrativo será um primeiro indicador do que tem sido desenvolvido, quer sob a perspectiva curricular, como de avaliação da Universidade junto das comunidades. Mais do que pensar na graduação, teríamos de repensar na pós-graduação. Por conseguinte, envidamos todos os esforços para iniciar um curso de Mestrado em Nutrição e em Saúde Pública/Epidemiologia. Requalificando os actuais profissionais abriremos espaço para que o seu desempenho melhore e que, fundamentalmente, esta região se capacite para manter uma parte considerável dos quadros que forma.

Como anteriormente tivemos a oportunidade de mencionar, a graduação será um momento significativo para a universidade, para os familiares, contribuintes e parceiros da UniLúrio. Afinal era possível formar e educar, mesmo diante dos constrangimentos que foram observados. Ao mesmo tempo que os jovens pioneiros sairão graduados, graduar-nos-emos, nós mesmo, como docentes, gestores e educadores.

Neste quarto aniversário, atingimos a cifra dos 1000 estudantes. Um número previsto no plano, que não deixa, todavia, de ser demasiado pesado, não obstante esteja ao alcance dos recursos técnicos e humanos disponíveis. Certamente, os 13 laboratórios montados, com particular destaque para os de Optometria, que se tornarão os mais bem apetrechados do país, deixam-nos com a responsabilidade não só de graduar, como também de repensar nas estratégias de atendimento familiar e no apoio que precisaremos de prestar aos restantes sub-sectores de ensino. Não contam os números, mas o que cada um dos estudantes transporta para a instituição e para o sistema de ensino. Nestas cifras, obviamente, contamos com diferentes nacionalidades, incluindo estudantes do Ruanda, Burundi, Congo e USA. Da mesma forma, temos agora docentes de, pelo menos dez nacionalidades diferentes que, com o seu saber e experiência, universalizam os nossos horizontes.

No quarto aniversário iniciamos um curso superior de Enfermagem. Cerca de 40 futuros enfermeiros superiores corporizam esta formação. A UniLúrio reconhece a importância da formação superior em Enfermagem. Por conseguinte, o curso é feito em parceria com o Ministério da Saúde, o ISCISA, o Hospital Central de Nampula e a Direcção Provincial de Saúde. De salientar que, do total de 1900 candidatos para as vagas do ano 2011, pelo menos 300 escolheram Enfermagem.

Neste quarto aniversário, recordamos do mesmo modo todo um percurso. Temos tido um excepcional desempenho cultural, confirmado através do Festival “Nsope é Saúde”, que em 2011 entrará para a sua segunda edição. Dockanema não é mais um sonho, mas um programa consolidado que saiu, em definitivo, de Nampula para a Ilha e que chega a Pemba. Hortêncio Langa nos brindou com o seu talento na celebração do seu sexagésimo aniversário. Aliás, antes, já o Mestre Warrila, maior trovador da província, o havia feito.

Ao nível desportivo, continuamos com a participação em diferentes modalidades, com destaque para o Atletismo e Ténis. No Ténis, o realce vai para a estudante Palmira, vice-campeã nacional de 2010. Oxalá ela represente condignamente Moçambique nos Jogos Africanos que se avizinham.

Ainda, como parte das suas diversificadas realizações, a Universidade se tornou membro da Academia Cisco e Microsoft, pelo que ainda este ano, em 2011, com o apoio dos parceiros, estaremos ligados por fibra óptica. A fibra óptica irá revolucionar os serviços e o desempenho do Projecto UniLúrio Digital, um dos mais ambiciosos da instituição. Mais do que melhorar a performance da universidade, prevê reduzir, a breve trecho, suas despesas com todo o sistema de comunicações e telecomunicações para dentro e fora do país. Caso se confirmem os restantes apoios, poderemos ter ainda este ano o sistema de vídeo-conferência a funcionar.

Ainda no campo digital, a UniLúrio deverá ser a primeira universidade a receber uma antena da Movitel no Campus do Marrere, em Nampula, que permitirá que os estudantes naveguem na Internet, num sistema sem fios e de forma gratuita. Este é um compromisso desta operadora de telefonia móvel, que não coloca em questão as anteriores parcerias que a universidade estabeleceu, com principal destaque para a mCel, Moçambique Celular, que tem sido uma das maiores dinamizadoras dos projectos culturais e desportivos da UniLúrio.

Existe todo um longo e vasto percurso para recordar. Mas, queremos concentrar-nos no fundamental. Nesta fase, depois de a universidade ter sido galardoada pela Fundação Calouste Gulbenkian e pelo Oceanário de Lisboa através do projecto conjunto com a Universidade de Aveiro “Conhecer para Preservar a Biodiversidade Marinha de Pemba - Ordenação Sócio-ambiental para a Sustentabilidade”, a UniLúrio assume a presidência da Associação das Universidades de Língua Portuguesa. Tamanha responsabilidade para uma jovem universidade é grandiosa mas a confiança de que poderemos desempenhar e coordenar esta associação, sugerindo novas formas de cooperação com recurso a um programa de mobilidade genuinamente lusófono e às novas tecnologias de comunicação, é dado adquirido.

Quando estivermos celebrando o 5º aniversário seremos uma nova instituição, com outros motivos para sorrir. Por enquanto, apenas teremos de nos concentrar em trabalhar. Muito pouco foi feito. Só demos o primeiro passo. A caminhada é longa. Como dizia Martin Luther King, quando não pudermos voar, teremos de correr. Quando correr for difícil, então teremos de andar. Se um dia não conseguirmos mais caminhar, então a solução será rastejar. Importante é nunca parar. (X)

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